Agora, que os ânimos, o ritmo e o volume das análises vão acalmando e sei que Bush ganhou, é mais fácil não cair na tentação de acreditar que o imperialismo americano, apesar de ter podido apresentar uma outra face, pudesse vir a defender outros interesses que não os do cartel que o justifica e o sustenta.
Já depois de ter terminado este escrito algo sentencioso, lembrei-me, recorri à minha biblioteca e transcrevo:
"(...)
- O senhor exagera a sua importância, Sr. Hearst.
- O senhor não compreende nada, Sr. Roosevelt.
- Compreendo isto. Você, o dono... não, não, o pai do país, não conseguiu que os democratas o elegessem candidato à presidência, nem sequer num ano em que não havia a menor possibilidade de eles ganharem. Como explica isso?
Os olhos de Hearst, muito claros e profundamente implantados, fitavam agora Roosevelt a direito; o efeito era ciclópico, intimidante. - Em primeiro lugar, dir-lhe-ei que não tem a menor importância quem é que se senta nessa cadeira. O país é governado pelos trusts, como você gosta de nos recordar. Eles compraram tudo e todos, incluindo você. A mim não me podem comprar. Eu sou rico. Por isso sou livre de fazer o que quero, e você não. Geralmente, alinho com eles apenas para manter o povo dócil, por agora. Faço-o através da imprensa. Mas você apenas desempenha um cargo. Em breve sairá daqui, e será o seu fim. Mas eu continuo sempre descrevendo o mundo em que vivemos, que assim se transforma naquilo que eu digo que ele é. (...)"
Gore Vidal
Império
Editorial Presença, 1989
1 comentário:
Pois é... esta será a "take2" do filme Bush e Estica (...):-)
Beijos
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