A sua barba ainda era preta, bem preta, quando pela primeira vez o li.
Abro hoje um espaço para a sua poesia, percursora da modernidade que desemboca nos anos 60, nomeadamente pela pena dos poetas de Poesia 61, que ainda há pouco aqui evoquei.
Herberto Helder
Aos Amigos
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Helder
Ou o Poema Contínuo
Assírio & Alvim, 2004
3 comentários:
E com que poema tu abres esse espaço... foi com ele que eu dolorosamente aprendi que havia outra poesia.
Um abraço
Lindo! Obrigada.
Para o bem e para o mal (ai os epígonos...), o Herberto é incontornável na poesia portuguesa. Não há como fugir-lhe, sei lá...
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