sexta-feira, novembro 19, 2004

Aos amigos

A sua barba ainda era preta, bem preta, quando pela primeira vez o li.
Abro hoje um espaço para a sua poesia, percursora da modernidade que desemboca nos anos 60, nomeadamente pela pena dos poetas de Poesia 61, que ainda há pouco aqui evoquei.

Herberto Helder

        • Aos Amigos

          Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
          Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
          com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
          Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
          dentro do fogo.
          - Temos um talento doloroso e obscuro.
          Construímos um lugar de silêncio.
          De paixão.


      Herberto Helder
      Ou o Poema Contínuo
      Assírio & Alvim, 2004


3 comentários:

Anónimo disse...

E com que poema tu abres esse espaço... foi com ele que eu dolorosamente aprendi que havia outra poesia.
Um abraço

Anónimo disse...

Lindo! Obrigada.

Anónimo disse...

Para o bem e para o mal (ai os epígonos...), o Herberto é incontornável na poesia portuguesa. Não há como fugir-lhe, sei lá...