sexta-feira, novembro 05, 2004

No Porto nasceu Sophia, em 1919

Faria amanhã 85 anos.

        • Aqui

          Aqui, deposta enfim a minha imagem,
          Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem,
          No interior das coisas canto nua.

          Aqui livre sou eu - eco da lua
          E dos jardins, os gestos recebidos
          E o tumulto dos gestos pressentidos,
          Aqui sou eu em tudo quanto amei.

          Não por aquilo que só atravessei,
          Não p'lo meu rumor que só perdi
          Não p'los incertos actos que vivi,

          Mas por tudo de quanto ressoei
          E em cujo amor de amor me eternizei.

      Sophia de Mello Breyner Andresen
      Dia do Mar, 1947


P.S.
Quero deixar registado o meu lamento pelo desaparecimento do mais belo de entre os blogs que conheço - Janela Indiscreta


2 comentários:

Anónimo disse...

António: tenho andado por aqui a ler a poesia 61, mas não tenho deixado rasto. São dias. Mas, ler Gastão, Fiama, Ramos Rosa, Neto Jorge, depois de ler Casimiro e terminar com Sophia, é mesmo olhar o Algarve com muito amor. Força amigo, como dizia Natália "A poesia é para comer...".
Um abraço do Helder.

Anónimo disse...

Muito Obrigada, António, por nos recordar Sofia . Deixo, para si, um outro lindíssimo poema de sua autoria:
Poema de amor de António e de CleópatraPelas tuas mãos medi o mundo
E na balança pura dos teus ombros
Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua.