terça-feira, setembro 07, 2004

A poesia árabe "pré-peninsular" (II)

Este post de hoje foi-me praticamente sugerido pelo regresso de ontem à poesia luso-árabe, de que andava arredio desde o passado mês de Julho, e vem na sequência de um outro aqui publicado, a propósito da poesia árabe clássica.

Assim como aconteceu quando da deslocação da sede do califado omíada para Damasco (661-750) (como refiro no post atrás citado), gerando um período muito vivo de criatividade e inovação, acontece também com a emergência do califado abássida e a transferência da sua sede para Bagdad.
Os novos povos incorporados no império - com particular destaque para os persas, que passam a ocupar elevados cargos ao nível da administração central e ganham relevância na criação literária - são portadores de novas culturas não árabes, se bem que arabizadas e islamizadas pela assimilação neste novo império e nesta nova sociedade sedentária, urbana, culta e próspera.

Bassar ibn Burd (séc. VIII), é um óptimo representante da nova tendência poética, de que vos trago dois poemas: o primeiro pela sua carga de nacionalismo anti-árabe (Bassar é iraniano) e o segundo pelas novas imagens da sua nova retórica.

  • Acusación

    Oh, Ibn Nahiya, una cabeza es ya mucho peso como para soportar dos.
    Sirvan otros a dos señores, que a mí con uno me basta.

      • La noche

        Ya sen ellos,
        cuando la noche se me hace eterna,
        me pregunto si a la noche sucederá el día.
        Mis ojos, como si los párpados les quedasen pequeños,
        ya no se cierran.
        Su corazón parece una pelota brincando en vano
        sin conseguir unirlos.


1 comentário:

Anónimo disse...

António

Apesar de intermitentemente venho sempre aqui e desta vez foi uma delícia alongar-me nesta poesia. Obrigada. Um abraço

Sara