Satisfiz, finalmente, uma das curiosidades que me assaltava de cada vez que subia até às margens do Tâmega: a igreja de Marco de Canaveses, de Siza Vieira.
Chegado ao local apercebi-me de que já antes havia avistado aquele edifício, que supunha tratar-se da nova Câmara Municipal, dadas a sua dimensão, a simplicidade surpreendente da contemporaneidade das suas linhas e a austeridade do muro de pedra, de suporte e porte institucionais. Ainda a forma como se integrava tão naturalmente na malha urbana.
Rodeei todo o local, feito de cantos e recantos de silêncio.
Atrevi-me a entrar.
S I L Ê N C I O.
É uma catedral de silêncio.
Alta. Ampla. Nua.
Onde, até o corrrer da água da pia baptismal afirma o silêncio e a nudez límpidos do local.
Onde o mobiliário é o minimamente indispensável ao(s) oficiante(s) e seus fiéis.
Onde até uma longa fresta, aberta sobre a cidade e o campo que a envolve, lembra que há todo um mundo ali ao lado, tão próximo que é possível avistar, a justificar o silêncio e a meditação.
5 comentários:
Belíssimo post sobre o homem, a estrutura e o silêncio.
Andas muito viajado, António. As fotos são excelentes e as palavras que as acompanham também.
Que mais posso dizer? Aqui fica um abraço de amizade.
Sinto-me intrigado por que motivos esta obra de Siza Vieira recebe tantos elogios de uns e críticas negativas de outros.
Já conhecia por fotografia, mas com as tuas belas fotos e comentários desvendei parte do "mistério".
Parabéns Toy.
Já lá estive e achei a igreja magistral.....
Disse as palavras correctas: fria, nua e institucional. Parece-me uma morgue. Não inspira minimamente a meditação. Tem valas perigosas à volta.
Parece tudo menos uma igreja: não terá sido desenhada para posto de transformação e rejeitado por ofensa urbanística?
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